quarta-feira, 21 de abril de 2010

ESCOLA CIDADÃ?

Sem essa de escola cidadã. Esse discurso de uma nova escola cidadã, ou seja, que leve a nova geração a si interar uns com os outros não passa de um sonho. Infelizmente o narcisismo tomou conta da população. O capitalismo se tornou a religião das pessoas e isso fez com que perdêssemos a capacidade de interagir e de sentir na pele os problemas da sociedade como um todo. A escola é um termômetro do que falo.
O comportamento de nossos alunos se alterou com o passar do tempo, estão agressivos, não tem respeito pela a figura do professor, não respondem aos pais como deveriam. A sociedade está se especializando em criar monstros insensíveis aos problemas, claro, os que não sejam os seus, ao patrimônio, à própria espécie e à outros seres que aqui habitam.
Educar deixou de ser um prazer e está se tornando uma arte. É! porque quanto você adestra animais no circo você é considerado um artista, isso está acontecendo de maneira incisiva nas escolas de todo o país. O que fazer? Temo que a resposta não seja tão simples. As teorias estão provando por si só, não passam de teorias, pois não temos como pô-lás em prática, às vezes por falta de apoio e em outros casos, falta de coragem. Seja qual for o motivo, o problema está se alarmando, estamos ficando encurralados e perdendo o controle do "futuro”.
E a pergunta fica lançada. O que fazer?

sábado, 17 de abril de 2010

Gestão de tecnologias na escola


Maria Elizabeth Bianconcini de Almeida 1

As tecnologias de informação e comunicação foram inicialmente introduzidas na educação para informatizar as atividades administrativas, visando agilizar o controle e a gestão técnica, principalmente no que se refere à oferta e à demanda de vagas e à vida escolar do aluno. Posteriormente, as TIC começaram a adentrar no ensino e na aprendizagem sem uma real integração às atividades de sala de aula, mas como atividades adicionais. Com certa freqüência, como aula de informática, ou, numa perspectiva mais inovadora, como projetos extraclasse desenvolvidos com a orientação de professores de sala de aula e apoiados por professores encarregados da coordenação e facilitação no laboratório de informática.

Tais atividades levaram à compreensão de que o uso das tecnologias de informação e comunicação - TIC na escola, principalmente com o acesso à Internet2 , contribui para expandir o acesso à informação atualizada e, principalmente, para promover a criação de comunidades colaborativas que privilegiam a comunicação, permitem estabelecer novas relações com o saber que ultrapassam os limites dos materiais instrucionais tradicionais e rompem com os muros da escola, articulando-os com outros espaços produtores do conhecimento, o que poderá resultar em mudanças substanciais em seu interior. Criam-se possibilidades de redimensionar o espaço escolar, tornando-o aberto e flexível, propiciando a gestão participativa, o ensino e a aprendizagem em um processo colaborativo, no qual professores e alunos trocam informações e experiências entre eles e entre as outras pessoas que atuam no interior da escola, bem como com outros agentes externos.

Não se pode esperar que as TIC funcionem como catalisadores dessa mudança, uma vez que não basta o rápido acesso a informações atualizadas continuamente, nem a simples adoção de novos métodos e estratégias de ensino ou de gestão. Para o Prof. António Nóvoa: Temos que esquecer o futuro para poder ter o futuro, ou seja, não adianta preparar os alunos para o amanhã que não se conhece, se o presente, por si mesmo, constitui um grande desafio a ser superado. Como, porém, transformar a escola de hoje em um espaço articulador e produtor de conhecimento, aberto à comunidade e integrado ao mundo?

Há que se empregar nas ações de hoje todos os recursos disponíveis, inclusive as TIC, tendo em vista a criação de comunidades colaborativas que propiciem a criação de suas próprias redes de conhecimentos, cuja trama ajuda a construir uma sociedade solidária e mais humanitária. O fator primordial para a criação de comunidades e culturas colaborativas de aprendizagem, intercâmbio e colaboração é a qualidade da interação, quer presencial ou a distância, cuja criação poderá viabilizar-se a partir da formação continuada e em serviço do educador.

Nessa formação, cujo eixo articula a realidade da escola com o domínio dos recursos tecnológicos e com a prática pedagógica com as TIC, o educador terá a oportunidade de identificar e analisar as problemáticas envolvidas em sua atuação, na sua escola, no sistema educacional e na sociedade, bem como participar de comunidades que buscam encontrar alternativas para superar tais problemáticas com base em novos paradigmas e metodologias que lhe permitam identificar contribuições das TIC para transformar o seu fazer profissional.

Assim, as TIC podem ser incorporadas na escola como suporte para: a comunicação entre os educadores da escola, pais, especialistas, membros da comunidade e de outras organizações; a criação de um fluxo de informações e troca de experiências, que dê subsídios para a tomada de decisões; a realização de atividades colaborativas, cujas produções permitam enfrentar os problemas da realidade; o desenvolvimento de projetos inovadores relacionados com a gestão administrativa e pedagógica; a representação do conhecimento em construção pelos alunos e respectiva aprendizagem.

Visando preparar professores para a inserção das TIC na prática pedagógica, a Secretaria de Educação a Distância - SEED do Ministério da Educação, por meio do Programa Nacional de Informática na Educação - ProInfo, desenvolve um amplo programa de formação baseado em concepções sócio-construtivistas de ensino, aprendizagem e conhecimento, que englobam cursos, presenciais e a distância, de especialização lato sensu e formação continuada para preparar professores-multiplicadores, que assumem a formação de professores das escolas.

Várias atividades de formação de educadores para o uso pedagógico das TIC têm se desenvolvido na modalidade de formação em serviço contextualizada na realidade da escola e na prática pedagógica do professor, o que constitui um avanço. Mesmo assim, outras dificuldades se fazem presentes, as quais se relacionam tanto com a ausência de condições físicas, materiais e técnicas adequadas, quanto com a postura dos dirigentes escolares, pouco familiarizados com a questão tecnológica, o que dificulta a sua compreensão a respeito da potencialidade das TIC para a melhoria de qualidade do processo de ensino e de aprendizagem, bem como para a gestão escolar participativa, articulando as dimensões técnico-administrativa e pedagógica, com vistas à finalidade maior da educação: o desenvolvimento humano.

A superação da dicotomia entre o pedagógico e o técnico-administrativo, instalada na cultura escolar, encontra eco em concepções educacionais que enfatizam o trabalho em equipe, a gestão de lideranças e a concepção e o desenvolvimento do projeto político-pedagógico da escola tendo em vista a escola como organização viva que aprende empregando todos os recursos disponíveis, entre os quais as TIC.

A incorporação das TIC na escola vem se concretizando com maior freqüência nas situações em que diretores e comunidade escolar se envolvem nas atividades como sujeitos do trabalho em realização, uma vez que o sucesso desta incorporação está diretamente relacionado com a mobilização de todo o pessoal escolar, cujo apoio e compromisso para com as mudanças envolvidas nesse processo não se limitam ao âmbito estritamente pedagógico da sala de aula, mas se estendem aos diferentes aspectos envolvidos com a gestão do espaço e do tempo escolar, com a esfera administrativa e pedagógica. Daí a importância da formação de todos os profissionais que atuam na escola, fortalecendo o papel da direção na gestão das TIC e na busca de condições para o seu uso no processo de ensino e de aprendizagem.

Essa evolução levou à tomada de consciência da importância de incorporar as TIC à prática pedagógica e ao contexto da sala de aula, bem como da necessidade de envolver os gestores nessas atividades, uma vez que, sem a participação dos gestores, as atividades se restringem a esparsas práticas em sala de aula. Ao atingir esse patamar, nova tomada de consciência leva à percepção de que o papel do gestor não é apenas o de prover condições para o uso efetivo das TIC em sala de aula e, sim, que a gestão das TIC na escola implica gestão pedagógica e administrativa do sistema tecnológico e informacional.

Desta forma, a incorporação das TIC na escola e na prática pedagógica não mais se limita à formação dos professores, mas se volta também para a preparação de dirigentes escolares e seus colaboradores, propiciando-lhes o domínio das TIC para que possam auxiliar na gestão escolar e, simultaneamente, provocar a tomada de consciência sobre as contribuições dessa tecnologia ao processo de ensino e aprendizagem. Cria-se, assim, um ambiente de formação para que o diretor escolar possa analisar e reconstruir o seu papel frente às responsabilidades que lhe cabem como liderança da instituição e como gestor do projeto político-pedagógico da escola, bem como pela criação de uma nova cultura da escola, que incorpore as TIC às suas práticas. De modo semelhante, o coordenador pedagógico terá a oportunidade de rever-se e de analisar as contribuições das TIC para desempenhar o papel de articulador entre as dimensões pedagógicas e administrativas da escola.

A par disso, observa-se a disponibilidade de ambientes virtuais para a formação e a criação de comunidades colaborativas que apresentam um forte potencial para aglutinar recursos tecnológicos, especialistas, formadores e educadores em torno de atividades que permitam trilhar novos caminhos na formação continuada a distância, baseada em um trabalho contextualizado na realidade da escola, sem afastar de seu contexto de atuação o educador em formação.

Tais ambientes virtuais, denominados também de redes colaborativas de aprendizagem, permitem aos participantes trocar informações e respectivas experiências, estimular a discussão de problemáticas e temas de interesses comuns, incentivar o desenvolvimento de atividades colaborativas para compreender seus problemas e encontrar alternativas para enfrentá-los e sobrepujá-los. Entre os recursos disponíveis na Web 3, existe uma diversidade de espaços que propiciam a interação e o desenvolvimento de atividades colaborativas com a participação de educadores, pesquisadores, especialistas, alunos e instituições que se dedicam à produção de novos conhecimentos.

Em um ambiente virtual de aprendizagem, cada pessoa tem a oportunidade de percorrer distintos caminhos, nós e conexões existentes entre informações, textos e imagens; criar novas conexões, ligar contextos, mídias e recursos. Cada nó representa um espaço de referência e interação que pode ser visitado, explorado, trabalhado, não caracterizando local de visita obrigatória.

Os participantes desse ambiente são incitados a ler e a interpretar o pensamento do outro, expressar idéias próprias através da escrita, conviver com a diversidade e a singularidade, trocar experiências, realizar simulações, testar hipóteses, resolver problemas e criar novas situações, engajando-se na construção coletiva de uma ecologia da informação4, na qual o foco não é a tecnologia, mas a atividade humana em realização. Cada participante do ambiente compartilha valores, motivações, hábitos e práticas, torna-se receptor e emissor de informações, leitor, escritor e comunicador.

O uso das TIC na gestão escolar permite: registrar e atualizar instantaneamente a sua documentação; criar um sistema de acompanhamento e participação da comunidade interna e externa à escola por meio de ambientes virtuais; definir metodologias de avaliação adequadas e compatíveis com critérios democráticos e participativos; trocar informações e experiências com a comunidade, identificando talentos e potencialidades que possam contribuir com a evolução conjunta de problemáticas tanto da escola como da comunidade; discutir e tomar decisões compartilhadas.

Assim, gestores escolares terão informações disponíveis que lhes permitam identificar problemas e buscar alternativas de solução por meio do diálogo; selecionar e articular informações que tragam subsídios à tomada de decisões; acompanhar em nível macro as ações desenvolvidas tanto no âmbito administrativo quanto pedagógico, de modo a adquirir uma visão do todo da escola; identificar e incentivar as ações inovadoras e criar uma rede de comunicação que possa favorecer a constituição da escola como uma comunidade de aprendizagem.

A fim de propiciar a formação de gestores de escolas públicas para a incorporação das TIC na escola, o ProInfo desenvolve um projeto em parceria com universidades e secretarias estaduais de educação. A Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, em parceria com a Universidade Federal do Pará - UFPA, desenvolve junto com as secretarias estaduais de educação da região Norte do Brasil, o projeto de formação de 340 diretores e coordenadores de escolas públicas. As ações desse projeto ocorrem na modalidade semipresencial.

Inicialmente, foi realizado um trabalho com os multiplicadores dos Núcleos de Tecnologia Educacional - NTEs, do ProInfo, a fim de introduzir os gestores na cultura informática e dar-lhes condições de desenvolver o domínio da tecnologia para a resolução de problemas da escola e de sua prática profissional. Em seguida, os participantes tiveram um encontro presencial com os formadores da PUC/SP, especialistas na ação e investigação sobre o papel dos gestores, cujo eixo dos trabalhos foi a realidade da escola pública e o papel do gestor como líder da inserção das TIC na escola, ressaltando as contribuições dessas tecnologias à gestão administrativa e pedagógica da escola. O ambiente virtual para suporte das atividades a distância começou a ser utilizado durante esse encontro presencial, na realização de fóruns de discussão e para a inserção como material de apoio das propostas de atividades elaboradas pelos participantes, a serem realizadas junto com a comunidade escolar, tendo em vista a criação coletiva do projeto de gestão das TIC.

Após esse encontro presencial, os participantes retornaram às suas escolas para desenvolver as atividades propostas, cujos relatos de trabalho são discutidos a distância pelo grupo em formação, favorecendo o acompanhamento e a orientação dos formadores a distância, bem como a troca de experiências e informações entre os participantes da formação. Deste modo, os formandos se apóiam uns nos outros e têm as práticas do colega como espelho para análise da própria prática. As teorias são buscadas para ajudar a compreender as ações em realização, propiciando a reflexão sobre essas práticas e a proposição de mudanças que as tornem mais efetivas.

As interações nos fóruns e os relatos das experiências são registrados por escrito no ambiente virtual em uso, o que permite a qualquer momento recuperar as informações e subsidiar as discussões nos fóruns. Desta forma, há uma preocupação crescente com a comunicação compreensível pelo outro e com a participação nas interações. O grupo em formação, constituído por formadores, monitores, multiplicadores e gestores é responsável pela própria evolução dos trabalhos e pela qualidade das produções. Os formadores têm participação efetiva nas interações como orientadores e provocadores de reflexões que possam levar à tomada de consciência sobre as ações em realização, suas limitações, avanços e desafios.

Após esse período de dois meses de interações a distância, ocorre novo encontro presencial entre formadores e gestores, quando se analisam os avanços obtidos nas escolas em relação ao início do trabalho de criação coletiva do projeto de gestão das TIC, criam-se condições para trabalhar a gestão de informações por meio de ambientes virtuais que permitam registrar, articular, recuperar e socializar as informações significativas do universo de conhecimentos de cada pessoa. Finalmente, os gestores elaboram propostas para a continuidade das ações nas escolas voltadas para a construção do projeto de gestão de TIC e levantam sugestões para a continuidade das interações nos grupos de gestores a partir da criação de comunidades colaborativas de aprendizagem.

Anuncia-se um novo tempo, cabendo a cada educador, seja gestor ou professor, participar de processos de formação continuada e em serviço que criam a oportunidade de formação de redes colaborativas de aprendizagem apoiadas em ambientes virtuais para encontrar, no coletivo da escola, o caminho evolutivo mais condizente e promissor de acordo com a identidade da escola e com o contexto em que se encontra inserida.